Na Terra Calcinada existem muitas sociedades diferentes, cada uma encontrou uma forma de viver neste mundo severo. Algumas vezes esses bandos coexistem pacificamente, outras vezes eles confrontam sempre que se encontram.
Todas essas sociedades são moldadas por quatro questões: a aridez e esterilidade, a escassez de metal, o psionismo e a magia.
Se você entender como cada sociedade lida com essas questões, você compreenderá cada uma delas.
Aridez & Esterilidade
As necessidades básicas da Terra Calcinada são mal atendidas. Isso significa que toda comunidade do Mundo Moribundo deve se preocupar com a alimentação e a proteção de seus suprimentos de água.
Tribos de caçadores passam três quartos de seu tempo procurando por presas. Ao mesmo tempo, eles não podem ficar muito longe da fonte de água, pois precisam de bastante líquido para digerir sua dieta carnívora. Quando a caça vaga muito longe dos desertos conhecidos, eles precisam escolher entre morrer de fome ou de sede.
A vida dos pastores não é mais tranquila. Eles gastam dias com seus rebanhos de insetos do mel, através dos ermos em busca de pastos e água limpa. Quando encontram uma fonte de água, precisam lutar contra os predadores de seu rebanho.
Habitantes das cidades possuem os maiores meios de subsistência, mas também possuem as vidas mais duras. Nos campos em torno das cidades, legiões de escravos pelejam para obter colheitas escassas. Milhares de soldados patrulham esses campos dia e noite, executando saqueadores e coletores sem descanso. Mesmo assim, a maioria das cidades padece da fome e acaba entrando em guerras por alimento sob pena de sucumbirem famintas.
Dada a importância de comida e água na Terra Calcinada, aqueles que as controlam formam uma classe de elite. Aqueles que controlam as fontes desses recursos são membros influentes na comunidade.
Metal
Metal não é pré-requisito para nenhuma cultura do Mundo Moribundo, mas traz grandes benefícios para aqueles que o portam. Caçadores sabem que as lanças e flechas feitas de pontas de metal são mais eficazes do que aquelas feitas de ossos ou pedra. Com ferraduras de metal, pastores podem proteger as patas de suas montarias contra os rigores do deserto. O metal facilita transações: sociedades diferentes usam-no como moeda padrão.
Mas o metal é raro. Já pôde-se observar algumas minas de metal, onde poucos forasteiros obtém permissão para entrar. Elas são grandes empreendimentos que lançam mão de centenas de escravos, para trazer escassos vestígios de metais para a superfície. Mesmo sendo essa quantidade miserável de metal que trazem do subterrâneo, ela é o suficiente para tornar o Rei Feiticeiro rico e poderoso perante todo o mundo.
Sem a abundância do dinheiro, muito do comércio é realizado à base do escambo. A falta do metal também prejudica o desenvolvimento. Um escravo mal alimentado mas bem equipado, realiza o dobro de trabalho do que seus companheiros bem alimentados. A única razão para isso é a qualidade das ferramentas. Oficinas que possuem ferramentas de metal sempre se sobressaem em relação aos seus competidores.
Na guerra, as vantagens do metal são notáveis. Exércitos menos numerosos, mas bem treinados e com armas de aço ou ferro, geralmente garantem a vitória no campo de batalha. Eles esmagam exércitos maiores armados de pedra e ossos.
Não sabemos se a Terra Calcinada sempre foi escassa em metal. Nos últimos séculos, nossas fontes comuns têm sido as ruínas de antigos castelos ou cidades. Aparentemente nossos ancestrais devoraram o suprimento de metal do planeta, pois atualmente, até onde se sabe, todas as fontes estão à beira do esgotamento, o que precede o colapso da civilização. Existem aqueles que dizem que pode-se sobreviver sem o metal, mas isso é algo questionável.
Sabe-se de exploradores sortudos que retornaram de ruínas carregados de espadas e escudos de aço, e que, assim, portando tão precioso suprimento, partiram para ruínas mais evitadas ou perigosas.
Ouve-se falar também das roupas de metal encontradas de tempos em tempos, utilizadas para protegerem contra golpes físicos de muitas armas. Só se pode supor que o clima era bem mais ameno nos dias antigos. Qualquer tolo que tentar vestir essas roupas sucumbirá pelo calor tanto quanto pelas armas de seus inimigos. Ainda assim, a ideia de que já houve metal abundante para produzir esse tipo de vestimenta, assombra a muitos.
Existem rumores de que pilhas de aço, prata e ouro, jazem nos túneis profundos de cidades perdidas. Não há relatos de quem haja encontrado tal coisa, mas se tal tesouro existe, de fato será um dos mais recompensadores. Aquele que controlar tanta quantidade de metal poderá comprar alimento, poder, influência e até mesmo a proteção do Rei Feiticeiro.
Psionismo
Do mais baixo escravo até o mais alto Rei Feiticeiro, o psionimo perpassa todos os níveis da sociedade. Teoricamente, todo indivíduo possui uma habilidade mental, mas a maioria não desenvolve seu potencial psiônico adequadamente.
Toda cultura valoriza seus membros psionistas. Para as tribos saqueadoras, indivíduos com clarividência são especialmente úteis para localizar alvos. Os nômades, por exemplo, valorizam alguém que pode determinar suas posições no deserto.
Nem sempre poderes psiônicos são benéficos. Eles são turbulentos. Sempre existem ladrões que usam sua psicocinética para roubar pessoas das tribos, e nobres famintos de poder que enviam assassinos treinados em psicometabolismo para aniquilar seus rivais. Sujeitos rebeldes podem encontrar uso para qualquer habilidade psiônica, e muitas aldeias escondem atos sórdidos e vergonhosos por trás das cortinas da ilusão psiônica.
Devido ao potencial do psionismo, não é surpresa de se encontrar nas cidades pelo menos uma escola devotada ao Caminho Interno. Essas escolas são coordenadas por mestres da arte psiônica, geralmente com o propósito de ajudar os indivíduos a terem um melhor entendimento e responsabilidade perante suas habilidades. Na realidade, elas são academias careiras para as filhas e filhos dos ricos, projetadas para o estudante desenvolver seu pleno potencial com o objetivo explícito de obter vantagem sobre os rivais políticos mais à frente. Em muitas cidades essas escolas são permitidas com cautela pelo Rei Feiticeiro. Algumas vezes todas são banidas, mas isso apenas força as escolas a atuarem na clandestinidade e não faz nada para eliminá-las.
O psionismo é visto como fonte de grande equilíbrio no Mundo Moribundo, pois dá aos mais fracos fisicamente, uma chance de lutar pela sobrevivência. Se alguma coisa pode compensar a deterioração gradual das energias vitais do mundo, essa coisa é o poder da mente.
Magia
Magia é a força mais poderosa na Terra Calcinada. Aqueles que a empunham podem trazer tempestades de fogo de um céu limpo, transformar um objeto no outro, ou matar inimigos com apenas um gesto. Ela dita a vontade da ralé, faz os mortos caminharem, e já se ouviu falar que até mesmo paralisa o tempo. Magia pode expor traidores, destruir rivais, e obter obediência total de seus alvos. Pode até mesmo esconder atividades secretas, camuflar espiões do rei, ser utilizada para assassinar oficiais e fomentar rebeliões.